Por que devemos abraçar a IA, especialmente na governança
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem se tornado um tema central de discussão, especialmente no contexto da governança. À medida que nos aproximamos de uma nova revolução tecnológica, é fundamental examinar como a IA pode transformar instituições e melhorar a administração pública.
Uma Nova Era de Ceticismo
Assim como nos anos 90, quando muitos descartaram a internet como uma moda passageira, hoje vemos um novo ceticismo em relação à IA. Muitas pessoas a consideram uma fantasia tecnológica ou uma preocupação de países desenvolvidos, ignorando o potencial que essa tecnologia tem para impactar sociedades em desenvolvimento.
Em vez de hesitar, países como o Quênia devem aproveitar esta oportunidade e integrar a IA em suas operações governamentais. A história nos mostrou que a inação pode resultar em perda de competitividade, e a África não deve ficar para trás nesta revolução.
IA na Prática: Exemplos Inspiradores
Um exemplo notável vem de Cingapura, que em 2023 fez parceria com o Google Cloud para permitir que instituições públicas e privadas desenvolvessem ferramentas de IA. Em apenas 100 dias, criaram 100 casos de uso práticos. Seus hospitais conseguem prever aumentos no número de pacientes antes que aconteçam, e seus sistemas de tráfego se ajustam em tempo real para otimizar o fluxo nas ruas.
Enquanto isso, muitos países, incluindo o Quênia, ainda discutem questões básicas, como a coleta de lixo, enquanto Cingapura usa a IA para detectar padrões de resíduos e prevenir enchentes antes mesmo da chuva cair.
A Necessidade de uma Nova Abordagem
Considerando a situação atual, a ideia de um ministro de IA não é tão absurda. Imagine um sistema de IA no Ministério da Fazenda, com acesso em tempo real a todas as transações financeiras do país. Esse sistema poderia identificar anomalias e padrões de corrupção que os auditores humanos frequentemente ignoram.
A implementação de tal sistema não significaria a substituição total de seres humanos, mas sim uma forma de competência que poderia ajudar a melhorar a eficácia da governança. O Quênia, ao contrário de muitos outros países, possui uma estratégia de IA, mas é crucial que isso se traduza em ações concretas.
Desafios Éticos e Governança da IA
Embora a IA ofereça inúmeras oportunidades, ela também traz desafios éticos significativos. A falta de regulação pode resultar em vigilância, exclusão ou controle autoritário. Portanto, é essencial que qualquer integração da IA na governança seja acompanhada por salvaguardas éticas robustas.
O Quênia precisará de um quadro ético nacional de IA, leis claras sobre responsabilidade algorítmica e órgãos de supervisão independentes que sejam tão informados quanto empoderados. O objetivo não é simplesmente implementar a IA, mas construir instituições que sejam mais transparentes e responsivas às necessidades dos cidadãos.
A Rota a Seguir
Para avançar, o Quênia deve implementar copilotos de IA em ministérios-chave, oferecer treinamento obrigatório em IA para servidores públicos seniores e apoiar startups locais de IA. Se não o fizermos, outros países nos ultrapassarão, e estaremos sempre correndo atrás.
A confiança dos cidadãos em suas instituições é fundamental. A IA pode ser a chave para restaurar essa confiança, já que não mente, não exige compensação e não esquece decisões anteriores. Se a IA pode voar um avião, diagnosticar câncer ou gerenciar logística, certamente pode desempenhar um papel significativo na governança.
Portanto, a questão não é escolher entre humanos e máquinas, mas entre dissonância e entrega; entre teatro político e liderança orientada por resultados. O futuro da IA na governança não será moldado em Silicon Valley, mas sim por aqueles que entendem os problemas locais.