Objetivos Divergentes no Summit de IA em Paris
No recente Summit de Ação em IA realizado em Paris, líderes globais se reuniram para discutir as direções futuras da tecnologia emergente que tem capturado a imaginação pública. As apresentações contrastantes do Vice-Presidente dos EUA, JD Vance, e da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, revelaram visões rivais sobre a inteligência artificial (IA).
Visão dos EUA sobre a IA
O Vice-Presidente Vance declarou que “esta administração garantirá que a tecnologia de IA americana continue a ser o padrão de ouro mundial”. Ele enfatizou a necessidade de evitar regulamentações adicionais que possam prejudicar o crescimento da tecnologia. Em suas palavras, “os Estados Unidos da América são os líderes em IA, e nossa administração planeja manter essa posição”.
Abordagem da UE para a IA
Por outro lado, von der Leyen apresentou a abordagem distintiva da Europa em relação à IA, destacando a implementação das regras abrangentes conhecidas como Lei de Inteligência Artificial, que entrará em vigor totalmente em 2026. Ela anunciou um investimento público de €50 bilhões para apoiar projetos de IA baseados na Europa, afirmando que “isso é onde a Europa pode realmente liderar a corrida”.
Interesses Comuns
Apesar das diferenças nas abordagens, tanto Washington quanto Bruxelas compartilham objetivos semelhantes, como estimular a inovação local e o desenvolvimento econômico. Ambos os lados pretendem investir centenas de bilhões de dólares em infraestrutura, como computação de alto desempenho, para dar aos seus setores domésticos uma vantagem competitiva.
No mês passado, a Casa Branca anunciou um investimento de $100 bilhões, liderado por um consórcio que inclui OpenAI, SoftBank, MGX e Oracle, para impulsionar a infraestrutura de computação dos EUA. A resposta da UE a esse investimento foi o anúncio de €50 bilhões em apoio público, parte de uma promessa de investimento corporativo de €150 bilhões nos próximos cinco anos.
Compromissos Globais
No comunicado final do summit, 60 países, incluindo França, Índia, China e Canadá, concordaram com uma série de compromissos voluntários para tornar a tecnologia emergente mais inclusiva e sustentável. No entanto, os Estados Unidos e o Reino Unido não assinaram o documento, um fato notável considerando que é a primeira vez que esses países não participam de tais declarações globais desde que Londres sediou o primeiro desses summits em 2023.
Desafios à Regulamentação
Em seu discurso, Vance se opôs a novas regras globais para restringir a IA, argumentando que tal legislação poderia estrangular uma indústria que está apenas começando a se desenvolver. Ele pediu por regimes regulatórios internacionais que “fomentem a criação de tecnologia de IA em vez de estrangulá-la”.
Apesar da nova e abrangente legislação sobre IA da Europa, Bruxelas e outras capitais da UE estão reavaliando até onde podem pressionar essa regulamentação, em meio a alegações da indústria de que a super-regulamentação colocaria o bloco em desvantagem em comparação com seus concorrentes globais.
Visão Futuro
À medida que os líderes globais se afastam de Paris após o summit de dois dias, a visão de Emmanuel Macron sobre a IA — que propõe uma redução das novas legislações e um impulso ao investimento público e privado para criar campeões nacionais — se tornou o padrão de fato em toda a UE. Essa abordagem espelha as políticas implementadas tanto pela administração de Joe Biden quanto pela nova administração de Trump, na esperança de revitalizar economias que estão em desaceleração.
“Nós vamos simplificar”, afirmou Macron, referindo-se a possíveis recuos na supervisão europeia dos sistemas de IA. “É muito claro que precisamos nos ressincronizar com o resto do mundo.”