IA e Responsabilidade: Riscos ESG que Investidores Não Podem Ignorar

AI e Responsabilidade: O Risco Emergente de ESG que os Investidores Institucionais Não Podem Ignorar

Em um cenário onde a inteligência artificial (IA) está se tornando cada vez mais prevalente, sua governança e os riscos associados emergem como questões críticas para investidores institucionais. A crescente pressão para que as empresas adotem frameworks de governança de IA robustos é impulsionada por preocupações com direitos humanos e privacidade.

A Proposta do BCGEU

Recentemente, uma proposta de acionista apresentada por um sindicato canadense, o British Columbia General Employees’ Union (BCGEU), pediu à Thomson Reuters que fortaleça seu framework de governança de IA. A proposta busca alinhar a governança da IA da empresa com os Princípios Orientadores da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos. Além disso, solicita uma análise sobre a adequação dos princípios de confiança legados da empresa para lidar com riscos emergentes relacionados à IA.

A proposta do BCGEU destaca os riscos legais, regulatórios e de reputação enfrentados por empresas que desenvolvem e licenciavam tecnologias de IA. Com a crescente exposição da Thomson Reuters a esses riscos, a proposta argumenta que a aprovação da mesma é do interesse dos acionistas.

Riscos Associados à IA

Embora a proposta reconheça os benefícios da IA, também aponta para o potencial de uso indevido da tecnologia, problemas de privacidade de dados e preconceitos algorítmicos, que têm gerado preocupações entre os investidores. A proposta alegou que os produtos de IA da Thomson Reuters, especialmente as ferramentas de genAI, estão “diretamente ligados” a ações de imigração e deportações nos EUA, o que é amplamente reconhecido como uma violação de múltiplos direitos.

Um exemplo alarmante é o software Consolidated Lead Evaluation and Reporting (CLEAR), utilizado por agências de aplicação da lei e do governo dos EUA, que pode capturar bilhões de pontos de dados, incluindo registros de prisão, dados de localização em tempo real e informações pessoais.

Questões de Privacidade e Litígios

A Thomson Reuters enfrentou um processo judicial de US$ 27,5 milhões relacionado à venda não autorizada de dados pessoais através do CLEAR, resultando em melhorias nas salvaguardas da ferramenta. A proposta do BCGEU argumenta que a rápida expansão dos recursos de IA em produtos de alto risco como o CLEAR ressalta a necessidade de uma governança de IA baseada em direitos.

Resposta da Thomson Reuters

A Thomson Reuters recomendou que os acionistas votassem contra a proposta, afirmando que possui um framework abrangente de governança e gestão de riscos em IA. A empresa afirma que sua estrutura de governança é adequada para supervisionar o uso responsável e o desenvolvimento de IA.

Apesar de reconhecer alguns riscos associados à IA, a proposta do BCGEU observa que as divulgações da Thomson Reuters não incluem uma avaliação de impacto sobre direitos humanos, e que a empresa não se comprometeu com a diligência devida em direitos humanos, ao contrário de outras empresas de tecnologia como Microsoft e Salesforce.

Aumento da Prioridade em Governança de IA

À medida que a responsabilidade em IA e a supervisão da tecnologia se tornam prioridades crescentes para os acionistas, o número de propostas de acionistas sobre o tema aumentou significativamente. Para a temporada de assembléias gerais de 2025, um total de 17 propostas foram apresentadas, um aumento em relação a seis na temporada anterior.

Além da proposta na Thomson Reuters, propostas focadas em IA estão programadas para assembléias gerais em outras cinco grandes empresas de tecnologia, incluindo Amazon, Alphabet e Meta.

Enquanto algumas propostas pedem um controle mais rigoroso sobre o desenvolvimento e uso de genAI, outros investidores, como As You Sow e AFL-CIO, solicitam maior transparência e compromissos éticos mais robustos em relação à IA.

Essas preocupações destacam a necessidade urgente de frameworks de governança claros para evitar que as empresas sejam expostas a riscos significativos de reputação, financeiros e operacionais.

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