Comissão Europeia Justifica Cancelamento de Regras de Responsabilidade por IA

O Comissário de Tecnologia da UE defende a eliminação das regras de responsabilidade da IA

No dia 9 de abril de 2025, o Comissário de Tecnologia da União Europeia, Henna Virkkunen, apresentou sua defesa sobre a decisão de cancelar a Diretiva de Responsabilidade da IA durante uma reunião com membros do comitê de Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu (JURI).

Análise da Diretiva de Responsabilidade da IA

Virkkunen argumentou que a Diretiva de Responsabilidade da IA não teria resultado em um conjunto uniforme de regras em toda a UE. Ela explicou que, ao trabalhar com uma diretiva, os Estados-membros implementam as regras de maneiras diferentes, levando a uma falta de consistência. “Eu favoreço mais regulamentações para garantir que tenhamos um único mercado”, afirmou Virkkunen, referindo-se ao instrumento legal que é igualmente vinculativo em todos os Estados-membros.

Motivos para a Retirada da Diretiva

A decisão de retirar a diretiva foi motivada pela percepção do Comissionado de que não haveria um acordo previsível sobre a proposta em seu programa de trabalho de 2025. As regras tinham como objetivo oferecer aos consumidores um meio harmonizado de reparação quando enfrentassem danos decorrentes de produtos ou serviços de IA. A proposta foi feita em 2022, mas não houve progresso significativo desde então.

Implementação da Lei de IA

Virkkunen destacou a necessidade de implementar plenamente a Lei de IA antes de propor novas regras. Ela argumentou que, nos últimos anos, a Comissão Europeia propôs muitas regras digitais e que é necessário simplificá-las antes de apresentar algo novo. Esta abordagem visa garantir um ambiente regulatório mais claro e eficiente.

Divisões entre os Legisladores

Os legisladores estão divididos quanto à necessidade das novas regras. O relator do JURI, Axel Voss (Alemanha/EPP), deseja continuar a trabalhar no dossiê, enquanto seu colega no comitê de Mercado Interno e Proteção do Consumidor (IMCO), Kosma Złotowski (Polônia/ECR), expressou que a adoção de uma diretiva de responsabilidade da IA neste estágio é prematura e desnecessária.

Durante a audiência do JURI, Voss mencionou que, embora a simplificação seja uma tendência, as regras de responsabilidade ainda são necessárias para criar um verdadeiro mercado único digital.

Reações Contraditórias

O deputado Sergey Lagodinsky (Alemanha/Verdes) expressou sua confusão sobre os motivos da retirada e enfatizou a necessidade de consultar os co-legisladores. Por outro lado, membros do IMCO, como Diego Solier (Espanha/ECR) e Svenja Hahn (Alemanha/Renew), apoiaram a decisão da Comissão, argumentando que as leis de responsabilidade do produto existentes são suficientes e que os consumidores já têm oportunidades suficientes para apresentar reclamações.

Demandas da Sociedade Civil

Em uma carta enviada a Virkkunen, grupos da sociedade civil e de consumidores pediram à Comissão que trabalhe em novas regras de responsabilidade da IA para preencher lacunas legais. A Comissão tem até agosto para tomar uma decisão final sobre o assunto.

Este cenário revela um ambiente regulatório complexo e em evolução, onde a responsabilidade da IA continua a ser um tópico de debate intenso entre legisladores e a sociedade.

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