A AI Pode Prescrever Medicamentos? Entenda a Nova Proposta de Lei

Este Projeto de Lei Poderia Tornar Legal para IA Prescrever Medicamentos

A inteligência artificial (IA) pode obter privilégios de prescrição se um novo projeto de lei for aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos.

O Healthy Technology Act de 2025 visa alterar a Lei Federal de Alimentos, Medicamentos e Cosméticos para permitir que a IA e o aprendizado de máquina se qualifiquem como profissionais aptos a prescrever medicamentos, desde que autorizados pelo estado e aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) para outros fins.

Otimismo e Cautela na Comunidade Médica

Médicos que estudam IA são otimistas quanto ao seu potencial na saúde. Muitos já utilizam IA para agilizar a tomada de notas ou apoiar a tomada de decisões clínicas. No entanto, eles afirmam que mais pesquisas são necessárias antes que uma ferramenta de IA possa, se é que algum dia conseguirá, escrever prescrições de forma autônoma.

Ravi B. Parikh, MD, MPP, professor associado no Departamento de Hematologia e Oncologia Médica da Emory University School of Medicine, afirma: “A legislação se refere a uma peça de tecnologia de IA que ainda não existe.”

Prescrição de Medicamentos por IA: A Realidade Atual

No momento, a IA não pode prescrever medicamentos sozinha. Pesquisadores, como Parikh, estão desenvolvendo ferramentas de IA que poderiam, no futuro, ajudar médicos a tomar decisões de prescrição. Outros estão estudando como a IA de empresas como Meta, Google, OpenAI, NVIDIA, entre outras, poderia ser usada para melhorar o gerenciamento de medicamentos.

As ferramentas de IA para prescrição vêm em duas principais categorias. Ferramentas preditivas analisam o histórico eletrônico de saúde de um paciente ou informações genéticas para determinar a probabilidade de resposta a um tratamento. Outra abordagem envolve a criação de gêmeos digitais de pacientes reais para simular qual medicamento poderia funcionar melhor.

Desafios e Preocupações

Apesar do potencial, o uso da IA como suporte à decisão é muito diferente de permitir que a IA atue de forma autônoma. “Não há evidências que mostrem que qualquer IA operando atualmente seja equivalente ou superior a um médico na prescrição de medicamentos”, observa Parikh.

A precisão é uma preocupação primária ao utilizar IA. Erros de prescrição podem ter consequências sérias. DeCamp, MD, PhD, professor associado no Centro de Bioética e Humanidades da University of Colorado Anschutz Medical Campus, destaca: “Você poderia imaginar um prescritor de IA saindo dos trilhos devido a erros de performance conhecidos da IA.”

Quando a Tecnologia Chega Antes de Estar Pronta

Exemplos de tecnologia que não estavam prontas para uso sério, como o ChatGPT, mostram a necessidade de cautela. Um erro de prescrição pode levar a consequências fatais, ao contrário de erros em tarefas menos críticas, como escrever um e-mail.

Regulamentação da Prescrição por IA

O Healthy Technology Act de 2025 exige que os prescritores de IA sejam autorizados pelo estado e aprovados pelo FDA. No entanto, as normas de regulamentação para dispositivos de IA são geralmente mais baixas do que para medicamentos.

Parikh expressa preocupação de que a legislação esteja avançando rapidamente para resolver um problema que requer mais dados prospectivos. A aprovação da IA pelo FDA muitas vezes é baseada em dados retrospectivos de um ou poucos centros com menos pacientes do que os ensaios clínicos tradicionais.

Perspectivas Futuras para a Prescrição de Medicamentos por IA

Para que a prescrição por IA se torne uma realidade, o Healthy Technology Act de 2025 precisa ser aprovado pelo Congresso. O patrocinador do projeto de lei, Rep. David Schweikert, já introduziu projetos semelhantes em 2021 e 2023, que não avançaram.

Embora a possibilidade de prescrição de medicamentos por IA ainda esteja distante, DeCamp imagina que, no futuro, isso poderia ser feito em situações muito limitadas, talvez para condições simples e de baixo risco, onde um humano revisaria a recomendação.

Em resumo, a regulamentação e a validação da IA na prescrição de medicamentos requerem rigorosos testes e dados antes que se torne uma prática aceita. A comunidade médica continua a debater o equilíbrio entre inovação e segurança no uso de IA na saúde.

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