Relatório do Vigilante da IA Critica o Governo sobre a Implementação do Reconhecimento Facial
O governo do Reino Unido tem enfrentado críticas severas em relação à implementação de tecnologia de reconhecimento facial. Um organismo de pesquisa em inteligência artificial, conhecido como Instituto Ada Lovelace, expressou preocupações sobre a aceleração do uso dessa tecnologia sem um quadro legal abrangente que regule sua aplicação.
Uso de Reconhecimento Facial ao Vivo
O uso crescente de reconhecimento facial ao vivo (LFR) por parte da polícia e de varejistas em todo o Reino Unido está ocorrendo em um vácuo legislativo, o que levanta preocupações urgentes sobre privacidade, transparência e responsabilidade.
As críticas surgem em um momento em que o governo está avançando com a instalação de câmeras permanentes de LFR em Croydon, no sul de Londres, como parte de um teste de policiamento a longo prazo.
Supervisão Fragmentada
Desde 2020, a Metropolitan Police escaneou quase 800.000 rostos e mais de £10 milhões foram gastos em veículos equipados com reconhecimento facial. No entanto, os críticos argumentam que a base legal para essas operações é frágil.
A única decisão legal significativa até agora foi o caso de Bridges versus a polícia de South Wales, que considerou o uso de LFR ilegal devido a “deficiências fundamentais” nas leis existentes.
Preocupações Regulatory
Michael Birtwistly, diretor associado do Instituto Ada Lovelace, descreveu a situação regulatória como “dobramente alarmante”. Ele afirmou: “A falta de um quadro de governança adequado para o uso da tecnologia de reconhecimento facial pela polícia não apenas questiona a legitimidade das implantações policiais, mas também expõe o quão despreparado está o nosso regime regulatório mais amplo”.
O relatório mais recente do instituto destacou como as leis biométricas no Reino Unido têm falhado em se adaptar ao rápido desenvolvimento da surveillance impulsionada por IA.
Desafios de Tecnologias Emergentes
Além disso, o relatório aponta para os perigos de tecnologias mais novas, como o reconhecimento de emoções, que tentam interpretar estados mentais em tempo real.
Nuala Polo, líder de políticas do Reino Unido no instituto, observou que, embora a polícia frequentemente afirme que o uso da tecnologia é legal sob as atuais leis de direitos humanos e proteção de dados, essas alegações são “quase impossíveis de avaliar fora de casos judiciais retrospectivos”.
Demandas por Reforma
Campanhas pela privacidade também ecoaram o pedido de reforma. Sarah Simms, da Privacy International, afirmou que a falta de legislação específica tornou o Reino Unido um “outlier” globalmente.
Expansão do Uso de Câmeras de Reconhecimento Facial
A rápida expansão da tecnologia foi recentemente revelada em uma investigação conjunta pelo The Guardian e Liberty Investigates, que encontrou que quase cinco milhões de rostos foram escaneados pela polícia em todo o Reino Unido no ano passado, resultando em mais de 600 prisões.
A tecnologia também está sendo testada em ambientes de varejo e esportes, com varejistas como Asda, Budgens e Sports Direct adotando sistemas de reconhecimento facial para inibir o roubo.
No entanto, organizações de liberdades civis alertaram que a prática representa riscos de identificação incorreta, especialmente de minorias étnicas, e pode desencorajar protestos públicos legais.
“Estamos em uma situação onde temos leis analógicas em uma era digital”, disse Charlie Welton, da Liberty, que também alertou que o Reino Unido está ficando para trás em relação à Europa e aos Estados Unidos, onde várias jurisdições baniram ou limitaram o uso de LFR.
Defesa do Governo
Apesar das críticas crescentes, o Home Office defendeu a tecnologia como “uma ferramenta importante na polícia moderna”. A ministra de policiamento, Dame Diana Johnson, reconheceu recentemente no Parlamento que existem “preocupações muito legítimas” e aceitou que o governo pode precisar considerar um “quadro legislativo sob medida” para o uso de LFR. No entanto, propostas concretas ainda não foram anunciadas.