O Ato de IA da UE Não Apenas Alvo as Grandes Empresas de Tecnologia, Mas Também Vincula os Governos
Uma nova era surge para os governos europeus com a implementação do Ato de IA da UE, onde eles não são apenas reguladores, mas também proprietários de risco de sistemas de IA. Este artigo explora as implicações do Ato de IA para as instituições públicas, destacando as obrigações que agora têm ao empregar tecnologias de inteligência artificial.
1. Governos: Mais do que Apenas Reguladores
Os governos europeus desempenham um papel duplo: eles supervisionam a conformidade da IA em toda a sociedade e também implementam sistemas de IA. Essa situação não é apenas teórica, pois já existem aplicações práticas em áreas como:
- Controle de fronteiras e migração: Por exemplo, o perfil de risco nas fronteiras de Schengen.
- Detecção de fraudes na seguridade social: Como a avaliação de risco dos beneficiários.
- Previsão de crises: Utilização de ferramentas preditivas para prever conflitos estratégicos.
Com o Ato de IA, muitos desses casos caem na categoria de alto risco, o que exige que os governos atendam a requisitos rigorosos em termos de transparência, gestão de riscos, documentação e supervisão humana.
2. Obrigações Principais para Instituições Públicas
Se uma agência pública desenvolve, implementa ou adquire um sistema de IA, ela deve entender suas responsabilidades sob a lei. Essas obrigações dependem da classificação de risco do sistema:
Se o Sistema de IA for de Alto Risco
Inclui muitos casos de uso no setor público, como controle de fronteiras e detecção de fraudes. As obrigações incluem:
- Classificação de risco: Determinar se o sistema é de alto risco.
- Transparência e informação ao cidadão: Informar os indivíduos quando decisões são automatizadas.
- Governança e documentação: Implementar um sistema de gestão de riscos e garantir a supervisão humana.
- Responsabilidades de aquisição: Garantir que o fornecedor cumpra com o Ato de IA.
Se o Sistema de IA for de Risco Limitado
Esses sistemas não tomam decisões de alto risco, mas ainda interagem com os cidadãos, como a maioria dos chatbots. As obrigações de transparência incluem:
- Informar os cidadãos que estão interagindo com IA.
- Conteúdo gerado por IA deve ser claramente rotulado.
3. Desafios para o Setor Público
Embora o Ato de IA forneça regras claras, a implementação não será fácil, especialmente para instituições públicas. Alguns desafios incluem:
- Sistemas legados: Muitas agências dependem de tecnologia desatualizada.
- Descentralização: Em sistemas federais, as responsabilidades são distribuídas em múltiplos níveis.
- Recursos limitados: A conformidade exige expertise e documentação que muitas agências não possuem.
- Dependência de fornecedores: Muitas soluções de IA são desenvolvidas externamente, dificultando a responsabilidade em casos de não conformidade.
4. O Que Vem a Seguir?
Apesar de sua ambição, o Ato de IA deixa algumas questões críticas sem resposta:
- Os pequenos e médios órgãos públicos ficarão sobrecarregados?
- Como será a fiscalização para instituições públicas?
- O medo de penalizações inibirá a inovação?
- Onde estão os recursos necessários para a implementação?
Conclusão: O Estado Deve Praticar o Que Preconiza
Por anos, o setor público incentivou o uso ético e responsável da IA na sociedade. Agora, com o Ato de IA da UE, os governos devem colocar em prática o que preconizam. A capacidade das instituições públicas de liderar pelo exemplo será testada. Se não o fizerem, arriscam não apenas a conformidade, mas também a confiança do público.