IA e Direito do Trabalho: Desafios e Oportunidades no Local de Trabalho Moderno
A utilização de soluções de inteligência artificial (IA) no ambiente de trabalho está se tornando cada vez mais comum. Desde a fase de recrutamento, com jogos cognitivos, passando pela redação de e-mails, até a gestão do desenvolvimento de habilidades, as ferramentas de IA estão sendo integradas nas práticas de Recursos Humanos.
Contudo, a implementação dessa tecnologia levanta importantes questões legais. Embora a IA ofereça perspectivas promissoras, é crucial que os empregadores se preparem para as mudanças que sua adoção acarreta.
Uso de IA por RH
A inteligência artificial pode ser aplicada em diversas tarefas tradicionais, como:
- Classificação de Currículos: sistemas de IA podem analisar milhares de currículos para identificar os perfis mais adequados a uma descrição de cargo.
- Previsão de Demissões: a IA pode identificar quais funcionários estão mais propensos a deixar a empresa, permitindo ações proativas.
- Otimização da Jornada de Trabalho: essa prática é comum em empresas de logística, como DHL e Amazon.
Embora esses sistemas promovam eficiência e economia de tempo, há um risco de práticas discriminatórias, devido a viés nos dados de treinamento.
Um estudo recente do Terra Nova enfatiza que a IA generativa pode facilitar o acesso ao mercado de trabalho e promover avanços profissionais, desde que haja escolhas adequadas por parte de autoridades públicas e empregadores.
Reformulando as Leis Trabalhistas para Proteger os Empregados?
A adoção da IA no local de trabalho exige a criação de quadros regulatórios que maximizem seus benefícios e minimizem os efeitos negativos. A legislação atual, como o Regulamento Geral de Proteção de Dados (GDPR), já impõe restrições, como a proibição de perfilamento.
Além disso, o Código de Trabalho Francês exige que o conselho de trabalho seja informado sobre a introdução de novas tecnologias, garantindo avaliação dos impactos da IA nas condições de trabalho.
O Ato de IA da União Europeia de 2024 estabelece normas para proteger os empregados, proibindo, por exemplo, o uso de sistemas de IA para inferir emoções no local de trabalho.
Uso de IA por Empregados e Riscos para Empregadores
Embora alguns vejam a IA como uma ameaça, é importante considerar os riscos que a utilização da IA pelos empregados pode trazer para os empregadores. Funcionários podem gerar textos e imagens sem informar seus superiores, o que levanta questões sobre a propriedade intelectual e a conformidade com o GDPR.
Por exemplo, o ChatGPT pode ser utilizado pelos empregados para automatizar tarefas rotineiras, mas isso pode resultar em riscos de confidencialidade e violação de direitos autorais.
IA e Diálogo Social
Não há consenso sobre os efeitos da IA na produtividade e no emprego. Estimativas indicam que até dois terços dos empregos podem ser afetados pela automação, com a IA generativa substituindo até um quarto dos trabalhos atuais.
Entretanto, muitos gestores veem a IA como uma oportunidade, permitindo que os empregados se concentrem em tarefas que exigem criatividade e resolução de problemas.
Representantes de funcionários desempenham um papel crucial na implementação da IA no local de trabalho. Negociações com sindicatos podem ser realizadas para garantir que o uso da IA respeite os direitos dos trabalhadores.
Para proteger os direitos dos empregados e mitigar riscos para os empregadores, as empresas são incentivadas a implementar políticas de IA que regulem seu uso e assegurem um ambiente de trabalho justo.